Aquele era o Senhor da Noite, o assassino que tinha a existência questionada pelos próprios investigadores estava ali de pé, com sua espada em mãos, os policiais ficaram por um tempo pasmos sem reação com tudo que havia acontecido tão rapidamente, até que empunharam suas armas e o cercaram.

Os policiais suavam frio, ninguém fazia nenhum movimento sequer, o Senhor da Noite virou-se para Richard, os policiais se assustaram e recuaram um pouco, com a mão direita fez o sinal característico de negação, o próprio investigador não entendeu o que ele queria dizer até que ele guardou a espada e agora caminhava em direção a moto que estava caída ao lado da fonte, seu farol ainda estava acesso e o motor ainda funcionava. Um dos policiais notando que ele iria fugir avançou pelas costas na tentativa de um ataque surpresa, seus companheiros pensaram em acompanha-lo mas o Senhor da noite esquivou, aplicou um golpe no ligamento do braço com o antebraço que o fez soltar a espada, em seguida o rendeu no chão com as mãos para trás e pegando a espada que estava no chão encostou a sua lâmina em seu pescoço:

- É realmente triste que somente o investigador tenha notado - ele soltou a espada e as mãos do policial, se levantou e foi até sua moto, ele a ergueu e ao montar nela encerrou - Vocês não podem me matar, ninguém pode me matar.

Ele acelerou a moto que fez novamente um forte ronco e sumiu por entre as ruas, os policiais finalmente relaxaram, mas o investigador correu até o furgão onde Hawk enfrentava os outros dois assassinos, ele estava caído no chão estava sangrando, mas os outros dois já haviam ido embora, provavelmente aproveitaram a distração que o Senhor da noite proporcionou.

Três ambulâncias chegaram, e atrás delas um carro preto esportivo, seus vidros também eram escuros impossibilitando enxergar quem estava dentro, a equipe médica correu até Hawk e o colocou em uma maca, ele estava vivo mas estava inconsciente devido a todo o sangue que havia perdido graças ao ferimento, ele também apresentava alguns hematomas no crânio, os médicos o colocaram na ambulância e o investigador foi junto para acompanhá-lo. 

Enquanto seguiam para o hospital regional de Meridionali, o investigador notou que o tal carro preto os seguia, ele sabia quem estava dentro do carro, mas não os esperava ver tão cedo, dentro do carro provavelmente estariam os policiais de elite, treinados com os métodos mais árduos para literalmente caçar os assassinos mais habilidosos, pelo visto algum havia lhes chamado a atenção.

Sobre o furgão estava uma rapaz que usava um lenço para ocultar o rosto, em cada uma das mãos uma adaga ambas tão afiadas que pareciam cortar a luz do luar, a figura misteriosa desceu do furgão e começou a caminhar em direção a Hawk, este sacou a espada por completa e esperava a investida, mesmo sendo alguém desconhecido ele se imaginava páreo para ele.
Mas ele não estava só, praticamente surgindo das sombras outras duas figuras surgiram, um deles carregava adagas também já o outro portava uma espada média, era o trio Hiena.
Agora Hawk estava com problemas, ele já não tinha mais confiança em suas habilidades, o trio era muito hábil, e além de tudo eram um trio, sabendo que não poderia vencer os três ele daria tempo para o investigador fugir em busca de reforço, com um simples olhar ele passou a mensagem para Richard que disparou em direção ao grupo de policiais, um dos assassinos tentou segui-lo mas foi bloqueado, em seguida outro mas também foi bloqueado, mas o terceiro passou despercebido por Hawk e conseguiu passar.
O investigador ja estava junto de um grupo de policiais que estavam em guarda, mas o assassino que ultrapassou Hawk era o que utilizava a espada média e facilmente rompeu a defesa dos policiais que estavam retalhados no chão, agora frente a frente a Richard o assassino estava com sua lâmina apontada para o peito do investigador, e o encarava:
- Você não é nossa missão, mas não sei se devo deixá-lo vivo, não quero nenhum investigador em nosso pé!
Richard já estava com os braços para trás, ele segurava suas tonfas, não era um exímio lutador mas sabia se defender, porém qualquer movimento era arriscado naquela situação, a ponta da espada já estava a perfurar seu peito, ele precisava de uma distração, mas Hawk estava com problemas enfrentando dois assassinos ao mesmo tempo.
Mais policias chegaram e cercaram o investigador, mas nada podiam fazer, um único passo e o peito dele seria perfurado.
Prestes a arriscar um movimento, Richard ouviu um barulho de motor muito grave, parecia um caminhão, mas conforme foi se aproximando foi possível notar que era uma moto potente, muito potente, provavelmente algo acima de 600 cilindradas, se aproximava rapidamente, foi quando sua luz ofuscou a visão de todos, a moto invadiu a praça e foi em direção ao assassino que precisou recuar para não ser atropelado, ele esquivou da moto mas quando ela passou por ele estava vazia, foi quando ele notou uma presença pairando ao seu lado direito, o motoqueiro havia saltado e pairava em sua direção, o assassino ainda tentou bloquear o golpe mas era tarde, ao saltar da moto o motoqueiro se lançou contra ele como uma bala, quando o efeito da luz desapareceu e os policiais e o investigador voltaram a enxergar com clareza viram a cabeça do assassino rolando no chão da praça, e seu matador estava em pé, estava com uma roupa de couro própria para motoqueiros, seu capacete era branco e continha o desenho de chamas negras, sua viseira era escura impedindo que pudessem ver seu rosto, e ele empunhava uma lâmina que emitia um forte brilho azul com um dragão desenhado em sua lâmina.

Naquela noite o investigador estava a trabalhar, fazia horas extras para ajudar em casa, já tarde da noite ele foi atender um chamado no centro da cidade, no carro com Letter Hawk ele queria fazer varias perguntas ao rapaz sobre Salazar, mas temia que o rapaz não lhe dissesse nada muito útil já que eram amigos.
Ao chegarem ao local da ocorrência a cena que viram era chocante, uma praça coberta por corpos mutilados e banhada em sangue, até mesmo a água da fonte estava vermelha, haviam vários policiais no local e inclusive um outro investigador, seu nome era Thiago, embora fosse um senhor prestes a se aposentar, ele era alguém muito experiente, pena que passara boa parte da carreeira ocultando assassinos em troca de dinheiro, mas no final de sua estadia como investigador ele tentava reparar seus erros investigando o "mestre", um assassino considerado o rei entre eles, o melhor, o mais forte, mais inteligente, mais rico e o que continha a arma mais poderosa dentre os assassinos.
O investigador procurava por pegadas quando ele se aproximou:
- E então Richard, quem acha que fez tal coisa?
Ele ainda observava a cena do crime, que era muito grande, enquanto respondia:
- Não sei ao certo, acabo de chegar, mas posso dizer que não foi obra de algum grupo, pelo visto foi um único assassino que fez isso.
Thiago estava com um pacote em mãos e o entregou a Richard:
- Pegue, é isto que esta procurando, os peritos chegaram juntos a mim, e encontraram uma única pegada descente no sangue, eles tiraram as medidas e fizeram o molde, pode usa-lo para comparar e saber se tem chances de ser o seu assassino.
Ele pegou o pacote,examinou-o por alguns segundos, e após ler as anotações dele o devolveu para Thiago:
- Pode ficar, não é o pé de quem eu imaginava, o infeliz tem o pé pequeno, não é do tamanho desse, provavelmente é quem você imagina, afinal não é qualquer um que faz uma chacina dessa, com qualquer espada.
Thiago pegou o pacote e se despediu do investigador, no seu velho carro seu parceiro o chamava com voz baixa e trêmula, o que chamou a atenção de Hawk.
O investigador acendeu um cigarro e perguntou:
- Então Hawk, que tipo de cara é Salazar? ele me parece ser do tipo calmo mas agressivo...
Notando que o companheiro não lhe dava atenção ele o cutucou no ombro:
- Ei o que foi?
O rapaz ainda encarava Thiago, quando ele deu a volta para entrar no carro, mas caiu, Hawk se apavorou colocou a mão na espada e correu em direção ao carro, Richard sem entender muito bem o que acontecia foi junto, quando chegaram ao lado do carro, caído no chão estava Thiago envolto por uma poça de sangue, e dentro do carro seu parceiro também estava morto, ambos haviam sofrido um corte na garganta, logo todos viram o investigador morto e os policiais começaram a se movimentar, quem quer que tivesse feito aquilo não estava longe.
Richard quis entrar no carro para procurar alguma pista, mas Hawk o impediu:
- Senhor Richard, devo pedir-lhe para ficar atrás de mim.
Nesse momento o rapaz puxou a espada e encarava uma figura misteriosa que estava sobre um furgão da policia segurando uma adaga.

Em uma cidade tão grande, com uma população tão numerosa, e um vasto numero de assassinos, é quase que impossível que haja um único predador soberano, embora pareça que nenhum assassino é capaz de superar o Mestre nas habilidades, existem vários jovens gananciosos e habilidosos que almejam a posição de "dono" da cidade, sim, o Mestre tem em suas mãos toda a cidade, nada lhe oprime, policia, políticos corruptos estão todos sob seu controle, quem entra e quem sai da cidade, quem vive... e quem morre, tudo isso cabe a ele decidir.

Em meio a escuridão da cidade, um parque do centro emanava um forte odor de sangue, em seu piso uma grande quantidade de cadáveres todos mutilados, sentado a beira de uma fonte que ja não jorrava mais água incolor e sim uma mistura com sangue fazendo com que a fonte parecesse uma grande bacia de ponche estava sentado um homem, ele fumava um grande charuto lentamente e soltava longas tragadas de fumaça no ar, ele estava bem vestido, terno e gravata, aparentava ter idade próxima dos 36 talvez mais. Tinha uma barba mal feita e um olhar frio, e com a mão esquerda sobre a perna ele segurava uma espada longa de lâmina negra onde havia gravado o desenho de um Grifo, lendária criatura mitológica.
A sua frente um homem que já passara da casa dos 30 o encarava, e com voz de desprezo o insultou:
- Verme desgraçado! eu te fiz o melhor, e é assim que me agradece? Nunca fui com a cara daquele garoto, mas espero que ele te mande para o inferno junto com essa sua arrogância! você não tem honra! - Antes que pudesse terminar os insultos a lâmina negra perfurou-lhe o peito, ele engasgou com o sangue na garganta e caiu no chão ainda tentando balbuciar algumas palavras.
O assassino limpou a espada nas vestes da vitima que ja estava com a vista embaçada e comentou com tom sarcástico:
- Também estou ansioso para enfrentar o garoto, fiquei sabendo que ele deseja minha espada, mas é bom alguém avisa-lo que nem tudo o que desejamos é o melhor para nós mesmos.

Assustada, Aline ficou espionando o gramado de Salazar pela sua janela, ela não sabia ao certo o que seu pai faria, e como Salazar reagiria afinal ele não disse nada em manter segredo, muito menos aparentou querer manter o fato de ser um assassino em segredo, mas como ele reagiria ao ter um investigador batendo e sua porta pela manhã?

Não demorou muito e a pequena viu seu pai cruzando o gramado em direção a porta da casa de Salazar, mas logo ela perdeu-o de vista, seu quarto ficava mais ao fundo e era difícil enxergar a frente de ambas as casas.O investigador bateu na porta e ela logo se abriu, ele quis entrar na casa, pois temia que Aline estivesse tentando escutar a conversa, mas não foi possível. Os três filhotes que Salazar estava criando correram até Richard e começaram a morder a barra de sua calça impedindo-o de andar, em seguida um rapaz alto surgiu na porta, para surpresa do investigador este rapaz era Leter Hawk, confuso ele questionou:

- Hawk? O que você faz aqui? Você conhece quem mora nessa casa?

Leter Hawk pegou os filhotes na mão, mas eles se debatiam muito e ele acabou soltando-os para que fossem novamente atacar a calça de Richard, e sorrindo ele respondeu:

- Que coisa inesperada Richard, não imaginei que acordasse tão cedo, e não esperava que Salazar fosse seu vizinho!

O investigador estava um tanto confuso e tornou a perguntar:

- Você sabe quem mora nessa casa?

Antes que o rapaz pudesse responder, os filhotes soltaram a calça do investigador e correram para porta, finalmente Salazar apareceu, e respondeu por Hawk:

- Sim ele sabe quem mora nessa casa, eu e Hawk nos conhecemos desde a época do colegial, ele era meu guarda-costas particular, mas é uma surpresa o senhor bater em minha porta a esta hora do dia senhor Richard, esta tendo algum problema?

Agora Richard não poderia conversar o que queria com Salazar, não naquele momento, ele tinha que inventar uma desculpa, e a melhor que ele conseguiu pensar no momento não fora a melhor:

- Ah, sim, é que Aline e eu queríamos fazer um jantar de boas vindas e queríamos saber se você aprova a ideia, contaria apenas com a presença dos vizinhos.

O investigador sabia que aquela desculpa era horrível, mas não contava que Salazar fosse concordar:

- Excelente senhor Richard, para quando o senhor quer marcar?