Capitulo 2: Vizinhança perigosa.
Após o gesto inesperado do rapaz, a pequena Aline não
conseguiu conter sua vergonha e foi correndo para sua casa. O senhor Don Borges
ria da cena e dava fortes tapas na costa do rapaz, que continuava encarando a
pequena à distância com uma cara sarcástica.
Com muita velocidade a pequena Aline entrou na sua casa e
bateu a porta da sala fazendo um enorme barulho, nem se importara se acordara
seu pai, em seguida ela jogou suas coisas sobre o sofá, e correu para a janela
para observar o novo vizinho. Mas para sua surpresa ele estava olhando para
janela, especificamente para ela, de alguma maneira ele já esperava que ela
fosse correr para lá. Ainda com um sorriso sarcástico o rapaz acenou para ela,
furiosa com o gesto, Aline mostrou o dedo do meio para o rapaz, como um sinal
mandando ele “se foder” e subiu para seu quarto.
A mudança já havia acabado, todos os móveis já estavam
dentro da casa em seus devidos lugares, o senhor Don Borges entregou as chaves
na mão de Salazar, eram duas chaves, da
porta da sala que se situava na frente e da porta da cozinha que ficava nos
fundos, as chaves dos quartos encontravam-se em suas respectivas portas. O rapaz acenou com a cabeça se despedindo do
senhor Don, mas quando virou para entrar na casa a mão dele tocou em seu ombro,
voltando seu olhar novamente para o senhor Don agora o rapaz estava sério, mas
o senhor Don também:
- Escute rapaz, não sei o que você faz para viver ou o que
lhe traz para um bairro simples como este - disse o senhor Don Borges, ele era
velho, mas qualquer um notaria e acharia estranho um rapaz jovem, mudando para
uma casa com aluguel caro, morando sozinho, sem levar em conta que todos os
móveis da casa que eram totalmente novos – Mas vou avisar-lhe esta não é uma
vizinhança calma, embora um investigador more aqui no bairro, já tentaram
mata-lo duas vezes, e na casa de número 301 morava um assassino.
O rapaz olhava fixamente para a casa do investigador,
enquanto o senhor falava, ele estava concentrado olhando para casa e não
percebeu que o senhor já havia terminado, o clima ficou tenso e estranho:
- Oh, me desculpe senhor Don – disse o rapaz para romper o
clima tenso que havia criado – eu acabei me distraindo com o que o senhor
disse, mas não se preocupe, eu sei me cuidar.
A casa já havia sido entregue, e o aviso já havia sido dado,
o senhor Don se despediu do rapaz, e se dirigiu para seu carro, era um carro antigo,
provavelmente do ano de 1964, porém ele estava restaurado com bancos de couro e
pintura impecável, entrou e ligou o carro e vagarosamente foi se distanciando, até
virar a esquina e finalmente desaparecer.
Já era noite, na casa de Richard praticamente todas as luzes da casa estavam acesas, diferente da casa ao lado, onde apenas as luzes da sala e da
pequena cobertura da frente estavam acessas. Richard já havia acordado á algum tempo,
e estavam na cozinha preparando a janta, enquanto Aline estava em seu quarto
fazendo os deveres e trabalhos da faculdade, que sempre fazia sozinha, pois
nunca tinha grupo. Enquanto fazia seus deveres a garota ouviu o barulho de um
caminhão que abria suas portas, algo estranho para o horário avançado que já era, logo a pequena correu para a janela e pôde ver o seu vizinho alto em pé no
gramado a frente de sua casa e um caminhão baú velho estacionado, Richard também
notou o barulho e estranhou, decidiu dar uma olhada, mas se saísse naquele
momento seu arroz queimaria. A garota apagou a luz do seu quarto e ficou
espiando o que acontecia na frente da casa do novo vizinho.
Dois homens desceram do caminhão e abriram a porta traseira
dele, onde havia outros dois homens, eles puxaram de dentro do caminhão um
enorme baú de madeira e entregaram para os outros dois que o carregaram para
dentro da casa do rapaz, e fizeram isto com outros dois baús, eram grandes, mas
não pareciam muito pesados. Quando
estavam carregando o ultimo baú a mão de um dos carregadores escorregou e o baú
caiu no chão, um grande barulho de metais batendo pode ser ouvido, o outro
carregador deu uma enorme bronca no companheiro que estava assustado, logo ele
levantou o baú e o levara para dentro da casa.
Depois de entregar todos os baús, os quatro carregadores
foram embora rapidamente, e Salazar, que era como o vizinho havia se
apresentado para Aline, estava novamente em pé no gramado da frente, ele ficou
um tempo parado olhando para lua que estava cheia naquela noite, e subitamente olhou para a janela do quarto
de Aline, a garota se assustou, pensou que ele podia tê-la notado, mas a
pequena lembrou que estava com a luz apagada e que ele não poderia vê-la, mas
para sua surpresa ele acenou para ela. Rapidamente a garota puxou as cortinas e
correu para sua cama se enrolando na coberta:
- Aquele cara é muito
estranho – disse a pequena embrulhada na sua coberta, em seguida caiu no sono sem nem se quer jantar.