A pequena Aline foi recuperando a consciência aos poucos,
quando finalmente acordou notou que não estava mais na rua, estava em seu
quarto, estava tudo escuro, já era noite, ela levou a mão direita até o rosto e
notou que esta estava enfaixada, era a mão que estava inchada a qual Pedro
havia chutado. Foi quando ela se lembrou de tudo que havia acontecido e de que
Pedro agora estava morto, a garota entrou em choque ao lembrar tudo que virá,
ela ia começar a chorar, mas o silêncio do quarto escuro foi quebrado, ela não
estava sozinha.
No canto direito do seu quarto, a frente do guarda-roupa
estava Salazar, sentado em uma pequena poltrona, ele estava com os três
cãezinhos em seu colo, eles estavam dormindo, antes que ela pudesse perguntar o
que ele fazia ali ele perguntou:
- Você esta bem? Eu enfaixei sua mão, aquele moleque abriu
seu pulso quando chutou sua mão, você só precisa ficar em repouso, e não se
preocupe, não tirei sua roupa ou tentei algo com você, afinal você não faz meu
tipo, sem falar que não sou tão baixo assim.
Sem reação a garota continuava olhando para ele, entediado
com a falta de reação dela Salazar se levantou com os filhotes em seu braço
esquerdo, foi até a janela do quarto dela que dava de frente com a varanda do
seu quarto no segundo andar da casa, abriu-a e preparou-se para saltar, mas
antes de saltar comentou:
- Seria bom que você não comentasse com o velho que foi eu
que te salvei, não quero que ele fique confuso ao meu respeito ou que te
empurre para mim – Ao terminar de dizer isso ele saltou da janela para a
varanda, foi um longo salto, mas perfeito, com um único braço ele se segurou na
barra superior da varanda e com um leve impulso das pernas saltou por cima dela
e adentrou em seu quarto.
Muita coisa fora do comum havia acontecido em tão pouco
tempo, Aline estava muito confusa sua rotina havia sofrido uma mudança
drástica, esteve em risco, e ainda por cima presenciou uma morte a sangue frio
na sua frente. Ela continuava sentada em sua cama tentando organizar tudo o que
havia ocorrido quando ouviu a porta da sala bater, em seguida ouviu seu pai
gritar seu nome enquanto sobia as escadas correndo, ele abriu a porta do quarto
subitamente e acendeu a luz que ofuscou os olhos de Aline.
Ele estava ofegante e parecia desesperado, ao ver a mão
direita de Aline enfaixada ele entrou em pânico:
- O que houve com sua
mão? O que aconteceu? Ligaram-me da central quando eu estava na rua dizendo que
havia ocorrido um assassinato na rua da minha casa, eu pensei que havia sido
você! Por que não me ligou?
A pequena ainda
estava em choque, era muita coisa acontecendo subitamente e seguidamente, ela
tentava explicar os fatos ocorridos, mas seu pai estava muito nervoso e não
permitia:
- Foi aquele moleque desgraçado? O filho daquele patife do
Theo Negri! Filho da mãe, desgraçado, eu fui descuidado, nos fomos, e como você
escapou? Quem te ajudou? Quem matou o desgraçado?
Até o momento Aline estava contendo as lágrimas, mas ela não
aguentava mais, então após um grito de tristeza ela começou a chorar e a
esfregar os olhos:
- Por que isso tudo esta acontecendo?
Richard que estava com as mãos na cabeça correndo de um lado
para o outro no quarto, se acalmou ao ouvir o choro da filha e abraçou-a:
- Não se preocupe, eu estou aqui, foi um erro meu não vai
acontecer novamente.
Após acalmar sua filha e coloca-la para dormir, sim como se
faz com uma criança, Richard foi investigar a cena do crime, outro investigador
já havia feito isto, mas alguns deles eram corruptos e escondiam pistas em
troca de dinheiro para alguns assassinos. O local ainda estava interditado,
tomava boa parte da calçada e metade da rua, a mancha de sangue ainda estava na
rua e um desenho feito de giz marcava o local onde Pedro estava caído. Procurar
por pistas naquele local seria muito mais fácil se Aline tivesse dito algo a
respeito do ocorrido, mas a pequena estava muito assustada e abalada para
responder qualquer pergunta.
Ele observava o local para tentar encontrar marcas de um possível
combate, mas não havia nada, já era noite, a vizinhança estava em silêncio,
todos estavam trancafiados em suas casas, um silêncio pavoroso tomava conta das
ruas, mas ele foi rompido por um forte ronco de motor, era muito grave, parecia
de um caminhão mas era uma moto grande, cerca de 1100 cilindradas, ela virou a
esquina em alta velocidade e derrapando no meio da rua subiu a calçada da casa
de Salazar, sim era ele, com uma outra moto, também muito cara por sinal,
provavelmente mais cara que a anterior. Richard correu até ele, Salazar estava
fechando a porta de sua casa quando Richard parou a porta com a mão:
- Por que você salvou minha filha?