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segunda-feira, 30 de junho de 2014

No dia seguinte, como a pequena havia ido dormir sem jantar levantou bem cedo com muita fome, porém Richard já estava terminando de preparar o café, a garota ainda esfregava os olhos ao  sentar-se à mesa, tentou dizer bom – dia, mas bocejou no momento e nada saiu muito sonolenta e com a barriga roncando ela apenas acenou com a mão.
Embora trabalhasse durante a noite, os investigadores não trabalhavam todas as noites, eles intercalavam suas escalas, trabalhavam um dia sim e um dia não.
Richard pôs á mesa uma garrafa de café e uma caixa de leite, em seguida pegou da pia um prato com três mistos-quentes, rapidamente a pequena atacou um misto-quente, enquanto o destruía Richard perguntou:
- Posso saber por que a senhorita não jantou ontem?
A garota engoliu o misto-quente de uma vez, bebeu um copo de leite pela metade e ficou encarando o terceiro misto aguardando seu pai lhe dar a permissão de pegá-lo, e ele deu, a garota continuou a comer sem responder nada ao seu pai, que era paciente, mas nem tanto.
Com muita velocidade Aline devorou dois mistos-quentes, e terminou seu copo de leite, seu pai ainda estava na metade do dele, ele segurava uma grande xícara de café na mão esquerda e a mão direita sustentava o queixo, ele ainda aguardava uma resposta. Como não era muito boa em mentir, ainda mais para seu pai, Aline foi direta:
- Eu estava espionando o vizinho, ele é um cara muito estranho, recebendo mudanças àquela hora da noite? E o que era aquilo? Um dos baús caiu e fez um grande barulho de tigelas de metal ou alumínio batendo, ele é um cara misterioso.
Richard estava com uma expressão séria, ele virou seu café de uma única vez:
- Não gosto daquele rapaz, ele é como você disse, misterioso, e pessoas misteriosas escondem algo grave, poderia pesquisar sobre ele hoje a noite nos arquivos se tivesse o nome dele, ele tem uma expressão muito tranquila, não gosto disso.
O investigador estava colocando mais uma xícara de café quando Aline falou:
- O nome dele é Salazar, mas não sei o sobrenome e quando foi que o senhor o viu?
Richard olhou para Aline e esqueceu que estava colocando café, que transbordou da xícara, e escorreu queimando seu dedo, ele levantou a garrafa e colocou a xícara sobre a mesa.
Ele olhava fixamente para Aline, ele não queria que ela já tivesse tido contato com o rapaz:
- Desde quando você conhece aquele rapaz?
Aline tentava disfarçar que estava sem graça, pois sabia que havia desobedecido a seu pai, ele olhava para o lado da escada e enrolava os dedos em seu cabelo curto:
- O conheci ontem enquanto conversava com o senhor Don Borges, mas não conversei muito com ele, ele é um cara estranho, parece que ele sabe tudo o que se passa na minha cabeça.
- Mas não é preciso muito para saber o que se passa na sua mente, sua cara transmite tudo que esta pensando, você é um livro de emoções aberto – Disse Richard brincando, a garota ficou mais sem graça ainda, mas em seguida a expressão dele mudou para séria – Mas não quero você conversando com aquele rapaz, já te expliquei que não é bom conversar com muitas pessoas...
Antes que o investigador pudesse terminar o que estava dizendo, a pequena se levantou de cabeça baixa e foi em direção para a escada, enquanto subia as escadas murmurou algo:
- Eu já entendi, não devo socializar com muitas pessoas, nem criar círculos de amizade, para que não ocorra o que aconteceu com os residentes da casa 301.
Richard olhou a pequena subir a escada de cabeça baixa até ela chegar ao segundo andar, ele pegou seu café que já estava frio, mas o ingeriu ainda assim, segurou a xícara apenas pela alça e girava a xícara como um brinquedo, começou e pensar em coisas do passado, de quando sua mulher ainda era viva e disse com voz baixa:
- Será que ela também se sentia assim? Um pássaro dentro de uma gaiola em meio á uma floresta?
Distraído o investigador esqueceu que estava girando a xícara e acabou lançando-a longe, como era de porcelana a xícara se dividiu em centenas de pedaços que se esparramaram por todo o chão da cozinha, apavorado ele olhava para os estilhaços do que era uma xícara no chão e gritava:

- Não se preocupe! Sem problema, eu pego! Eu limpo! Eu limpo!